quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O SEGREDO DE MARIA


Trabalhe e reze.
Fique em silêncio e reze.
Ame e reze.
Escute e reze.
Não discuta, não queira ter razão: cale-se.
Não julgue, não condene: ame.
Não olhe, não queira saber: abandone-se.
Não arrazoe, não entre na profundidade nos problemas: creia.
Não se agite, não procure fazer: reze.
Não se inquiete, não se preocupe: tenha fé.
Quando você fala, Deus se cala e você diz coisas equivocadas.
Quando você argumenta, Deus é humilhado e você pensa coisas vãs.
Quando você se apura, Deus é distanciado e você tropeça e cai.
Quando você se agita, Deus é lançado fora e você fica na obscuridade.
Quando você julga o irmão, Deus é crucificado e você julga a si mesmo.
Quando você condena o irmão, Deus morre e você condena a si mesmo.
Quando você desobedece, Deus fica distante e você morre.

domingo, 26 de setembro de 2010

LANÇAR AS REDES

Seguindo a sequencia do Evangelho, as pessoas se comprimiam para escutar Jesus. Isto porque Jesus anunciava algo vivo e verdadeiro. Da mesma maneira, deve acontecer cada vez que tocamos. Simplesmente porque aquilo que tocamos é Palavra Viva do Senhor. E atrair multidões não é ter um platéia repleta e sim produzir algo inspirado pelo Espírito Santo, onde a ação de Deus é o principal ator e nós somente um instrumento. Assim, nossa música deve ser um testemunho vivo daquilo que proclamamos. Se a sua música não causa este efeito, algo muito errado está acontecendo. Músicos do mundo cantam suas canções como verdade. Acreditam no que cantam e arrastam multidões, lotam estádios para proclamar, muitas vezes, letras sem sentido e até cultuar satanás. O músico católico canta o Deus Verdadeiro e, na maioria das vezes, não causa este impacto. O que acontece?
Acredito que você tenha questionado seu ministério neste momento. Acabei de questionar o meu. Quando eu canto que creio nas promessas de Deus, tenho que crer verdadeiramente nestas promessas e vivê-las, caso contrário, meu ministério será um eterno jogo de contradições. E as pessoas percebem isto. É algo intuitivo, inconsciente e não adianta disfarçar.
Nossa comunicação não ocorre somente na fala ou na escrita. Nossos gestos, atitudes, entonação da voz, olhar, entre outras coisas, manifestam-se também naquilo que somos e sentimos. A boca fala daquilo que o coração está cheio. Se Deus não está lá (no coração) plenamente, não arrastaremos multidões. Na essência, as pessoas não vêm atrás do músico e sim daquilo que ele está transmitindo. O povo tem fome e está pronto para consumir. Assim aconteceu na multiplicação dos pães. Outras denominações religiosas já perceberam isso e muitos estão fazendo o uso errado desse conhecimento. O catolicismo possui o Deus Vivo e Verdadeiro. Contudo, para transmiti-lo, ele tem que estar conosco. O Emanuel (Deus conosco) tem como sinônimo vida de oração. Por hora, refletiremos um pouco mais sobre a palavra.
Para ressaltar o poder da palavra, dou os seguintes exemplos: recebi uma ligação de um paciente que saiu daqui do consultório questionando uma palavra mal dita por mim no final da sessão. O pior foi que tive a melhor das intenções, mas o resultado foi desastroso. Isto resultou em 20 minutos ao telefone para consertar o que fiz de errado. Ainda bem que deu certo. Em outro caso, a mãe disse a filha: "fique quieta". Desde então, minha paciente estendeu tal ordem para toda sua vida e não conseguia mais se expressar, mesmo quando tinha razão. Trago estes acontecimentos para salientar que palavras têm poder e que elas precisam ser colocadas adequadamente. Portanto, tome cuidado com aquilo que você diz e está verdadeiramente transmitindo.
Neste sentido, temos que fazer constantemente uma revisão em nossa vida e consertar nossas falhas, a fim de proclamar a Boa-Nova. Assim, Pedro fazia com a rede. Estava consertando para nova pesca. Fazendo uma analogia de nossas vidas com a rede, podemos concluir que ela deve ser constantemente consertada, porque basta um pouco de uso e ela se rasga e, com o passar do tempo, não pesca mais nada, nem bota furada.
Isso evidencia que nossa música, consequentemente, é falha. O que, particularmente, me surpreende é o fato de Deus utilizar nossa música para evangelizar. Emprestamos nossa música a Deus e Ele se utiliza dela para realizar a sua obra. É claro que foi Deus quem nos deu a música. Mas, uma vez dada, podemos fazer dela o que bem entendermos. Contudo, não nos esqueçamos que Deus não precisa dela e sim, é Ele quem se faz precisar por empréstimo.
Jesus pediu a barca emprestada a Pedro para evangelizar. Poderia ter dito não a Deus. Não teríamos o papa. Não teria fundado esta Igreja. Eu não estaria aqui escrevendo e você lendo. Mas, muitas vezes, não "emprestamos" nossa música a Deus, mesmo tocando algo com tema religioso. Por exemplo: tocar somente determinada música, tocar somente um estilo de música de meu gosto, não ouvir sugestões de outros membros do ministério. Dissimulados no rótulo de ministros de música, camuflados na hipocrisia da aparência, muitas vezes fazemos do altar nosso palco e dos fiéis nossa platéia. Fingimos que tocamos para Deus e, na verdade, estamos tocando para nosso próprio ego. Pense no seu ministério. É assim?
Deus nos chama à obediência. Jesus disse a Pedro: "Faze-te ao lago e lançai vossas redes para pescar" (Lucas 5, 4b). Pedro obedeceu. Resmungou e obedeceu. Isto significa fazer algo contra a nossa vontade. Deus nos fala e nós nos antepomos à vontade dele, fazendo nossa própria vontade. Isto é um movimento narcísico infantilizado de nossa personalidade. Precisamos crescer e amadurecer.
Pedro confiou na palavra do Senhor e fez o proposto. Quando fazemos a vontade de Deus, as coisas ficam mais fáceis, gerando frutos em abundância. Esta é a pesca com Deus. Ocorre em proporção tão imensa que precisa dos irmãos para ajudar. Isto é o exemplo do trabalho em comunidade. Mas o trabalho sem Deus ocorre de maneira árdua, sem frutos ou muito escasso. Enquanto Pedro não estava com Jesus, a pesca não gerou frutos. Esta é a diferença a ser mensurada em nosso ministério. Se ele não está gerando bons frutos, proporcionando paz, amor, alegria e caridade nas pessoas, significa a ausência de Deus em sua obra ministerial. Pedro parou, ouviu o que o Senhor tinha a lhe dizer e seguiu sua palavra. Isto indica para nós a intimidade com Deus, obtida através da vida de oração. Portanto: joelhos no chão.
Entretanto, a tentação faz com que constantemente nos afastemos do plano de Deus. Ela aparece através do medo em assumir uma vida na qual podem acontecer situações contra nossos desejos. Deus pode nos levar a percorrer caminhos que não gostamos. Outro elemento da tentação é a insegurança em não alcançar uma meta estabelecida por Deus para nossa vida. Imagino que Pedro tenha passado por estes dois sentimentos no momento em que Jesus o convida a segui-lo.
Voltamos ao passado sempre através do pecado. Isto faz parte de nossa personalidade: pulsões instintivas que tentam, em todo momento, sobrepujar nossa consciência. "Ficai alerta..." (Efésios 6, 14a).
Os apóstolos deixaram tudo e o seguiram. Este é o convite de Jesus, neste momento: deixar tudo para segui-lo. Este deixar tudo não é somente no sentido literal de abandonar todas as coisas materiais. No sentido alegórico, é converter-se no sentimento e na razão, passando a crer no Evangelho como meio de mudança de vida. Você crê?
"Texto escrito por Padre Marcelo Rossi, extraido da Revista Terço Bizantino "